segunda-feira, novembro 30, 2009
Carta ao leitor
(hahahahahaha)
Por motivo de força maior - leia-se: mais facilidade de comunicação com vocês - não vamos mais deixar isso entre nós.
Vem pro wordpress comigo?
http://moniquebuzatto.wordpress.com/
;)
quarta-feira, novembro 25, 2009
Fácil (ou Considerações Sobre o Ciúmes) - conto
1 nova mensagem de Bruno.
Elena: E o seu?
Bruno: Isso quer dizer que..................................
sábado, novembro 21, 2009
Diva (crônica)
Não sou capaz de explicar, aos 65 anos, por que ainda me emociono diante da Vênus de Milo.
Camila só entendeu meu suspiro,
Minha filhinha ficou toda chorosa... Deve ser a gravidez.
Culpa dela. Sempre por causa dela, tudo por causa dela!
O cabelo dela da cor de granada, cada vez mais incandescente.
Lembro quando minha prima mudou pra Paris ao se casar com um diplomata francês.
Fiz um escândalo para ir até o aeroporto com ela, no carro dela, no colo dela, com as minhas lágrimas sendo beijadas pela boca com o batom vermelho inesquecível dela e sentindo aquele perfume – "Ma Chérie" (minha querida) – que ficou gravado na minha mente, de tanto que ela me abraçou naquele dia.
(Devo confessar, timidamente, que todas as meninas com quem namorei até hoje só me conquistaram porque usavam esse mesmo perfume. Uma delas teria sido uma Senhora Osório em potencial, se não usasse “Bvulgari Black” – perfume de Mulher Alpha. Ciumenta demais para aceitar uma musa maior que ela. Continuei procurando o próximo "Ma Chérie". Morreria de vergonha se ela soubesse disso... )
Mas hoje era o meu grande dia... Embarquei pelo mesmo portão que ela – o portão 9 – e pousei no mesmo Charles de Gaulle que ela... O ódio do número ia diminuindo conforme eu caminhava para fora do avião (por onde ela caminhara?), respirava aquele ar parisiense (que ela respirara?) e pegava um taxi (seria o mesmo taxista que atendeu a ela???).
Como minha professora de arte e história, tratou de arquitetar um quebra-cabeças melhor que o do Dan Brown – o qual, aliás, ela só me deixou ler porque era em inglês e depois de eu prometer ler uns 3 clássicos pra "compensar". Assim era ela.
Desculpe se afogo você nessas memórias sentimentais, leitor. Vou contar como isso começou, posso?
Sempre que eu ficava na minha avó, ela ia pra lá. Eu tinha 3 anos e as pessoas comentam coisas que, no meu inconsciente, eu já sei. Ela coloria minha infância de batom vermelho!
Mas a lembrança consciente que eu tenho é ainda melhor.
Eu tinha 80 cm de altura, 1 metro a menos que tenho hoje, então aquela escadaria parecia a entrada de Versailles!
Eis que vejo, do lado direito, tal qual uma escultura romana, ela... minha diva...
De volta ao meu grande dia!
(Recordo-me de outra coisa engraçada. Obriguei minha mãe, aos 13 anos, a me colocar na Aliança Francesa. Imagina se ela esquece o português!? Até que eu terminasse o último avançado, tinha um pânico inexplicável de pensar nessa possibilidade...)
A penúltima pista estava impressa em um pergaminho.
- Onde eu acho uma Afrodite no meio de Paris? Ela não pode querer que eu vá para a Itália!
- O Louvre, lógico!
Corri direto para a Vênus de Milo, sentindo o coração bater na boca.
Eu deveria saber que, como esposa de um diplomata, deveria ter mais coisas a fazer do que receber um priminho do interior...
Era a minha Vênus de Milo! Em carne, ossos, olhos de esmeralda e cabelos de granada, mais linda do que eu me lembrava.
– Tu est ici!
Ela apontou pro meu peito e disse:
– Ah, petit, je suis toujours ici, n’est-ce pas?
(Ah, pequeno, estou sempre aqui, não é?)
Eu mesmo, depois de reler o diário, me peguei respondendo:
Minha filha veio sentar-se ao meu lado depois do jantar, no jardim de sua casa - que ficava no sétimo distrito de Paris, perto do Champ de Mars que elas tanto admiravam.
– Tenho duas coisas pra te dizer, papá. – Eu adorava seu sotaque de francesinha.
Ela sorriu.
Ah... A vida que se renova cada vez que ela sorri...
(Como era possível terem o mesmo sorriso?)
– Já sei porque você tem fugido tanto de Paris, seu velhinho sentimental!
– Alors, nosso segredo, papá!
(O único destino que ela pode ter tido é estar no Olimpo, agora, balançando seus cabelos flamejantes enquanto ri e encanta os deuses com seu jeito impetuoso e suas histórias.)
Camila olha pra trás antes de entrar na sala novamente.
– Papá?
Com a carência típica dos filhos caçulas e a voz embargada típica das mulheres grávidas:
– Quase, mon amour.
Dou-lhe um beijo de pai coruja, na ponta do nariz, e confesso:
– Ela será eternamente a minha diva... A inspiração da minha vida...
– Que lindo, papá...
– Mas você... você é a minha própria vida. Minha vidinha com olhos de esmeralda.
Ela olhou para a Tour durante um tempo, fazendo companhia à minha solidão contemplativa.
"Fecha os olhos e sente isso ao seu redor, petit. Tem uma vida inexplicável nessa nossa Paris, que sempre se renova! Você pode deixar Paris, mas ela nunca mais vai te deixar."
A nossa Paris.
Ah, Helena...
quinta-feira, novembro 19, 2009
Crônica Natalina
- Você merece as férias de Dezembro!
Preciso comprar as passagens para Nova York!
~
Carlos, como eu calculara, preferiu um texto do Paulo Coelho à minha 'crônica natalina'.
Será que o Rodrigo ainda pode me ouvir?
quarta-feira, novembro 18, 2009
O amigo (conto)
- Oi, Cris........... ah, pode ser.
- A gente se encontra lá, então, daqui uma meia hora?
sexta-feira, novembro 13, 2009
Delícia (conto)
Você, leitora, negue se puder, mas duvido que nunca tenha pensado algum dia desses “Ele só é cachorro porque não encontrou a mulher certa”, e tenha se imaginado, pelo menos uns 5 segundos, namorando com o tal do cara.
Brincadeirinha.
segunda-feira, novembro 09, 2009
Sobre escritores e histórias (conto)
- Alô?
- Precisa de um título!
- O quê?
- Você foi embora sem colocar o título.
- Hernandez??? – olhou pro relógio que marcava 1:15 da manhã.
- Desculpa ligar essa hora, mas isso está me atormentando. Que título terá a nossa história?
- Hummm... Pra ser uma história, precisaria de mais tempo... e de drama! O que é gente teve foi no máximo um conto.
- Um conto à la Nelson Rodrigues ou Vinícius de Moraes?
- Nenhum. Vinícius é pra mulherzinha, Nelson é muito... muito...
- Realista?
- Calculista! Ainda assim, ele é um escritor que a gente saboreia aos poucos. Eu leria o mesmo conto uma semana inteira. Fácil!
- E se eu disser que fiquei a semana inteira com o nosso conto na cabeça?
- Hummmmm... gostou tanto assim do nosso processo criativo?
- Porque não consegui dar um título! E é só por isso que estou ligando! Se você deixar, quero publicar... Prometo que mudo os nomes, mas pensa num título e me conta.
Desliga o telefone.
- Que homem louco!
(30 minutos depois...)
Telefone toca!!!!!!!!!!!!
- Você de novo?
- Estava re-lendo o conto...
- E...?
- Não gostei do desfecho.
- Seu desfecho pra minha história provavelmente é melancólico! Não quero que você estrague tudo como fez com todas as suas...
- Você é um pouco impulsiva demais pra entender a beleza desse-
- dramalhão todo?
- ...desse tipo de literatura! A grande arte-
- ... vem da grande dor. Bla bla bla. Achei que você era um escritor barato, não um grande escritor.
- Hummmm...
- Olha... Eu sei que você insiste nessa história de “eterno enquanto dure” e que nada dura pra sempre, mas isso é muito coisa de velho!
- Não sou um Don Juan nem um príncipe encantado de 28 anos, Elena.
- Pra sua informação, senhor homem sincero, 45 anos não é nem um pouco velho. Tudo bem que o seu eu-lírico tem uns 65, de fato, mas quem conversa com você não diz mais que 35!
- Você é divertida. Mas eu ainda não gostei do seu desfecho.
- Fabio, são quase 2 horas da manhã e você quer discutir um desfecho!
- Então janta comigo daqui 18 horas.
- Conheço suas intenções por trás de um jantar.
- E...?
- É o seu jeito cavalheiro de sugerir outro... “processo criativo”?
- Dessa vez, sem tequila. Você aceitaria?
- Agora eu só quero dormir! Não quer me ligar daqui 9 horas?
- Quantos anos você tem? 18?
- Há há!
- Seu eu-lírico é uma Mae West de uns 39, mas você tem a leveza e a audácia dos 20 e poucos anos.
- Você quase me ganhou com essa.
- Eu não sei a sua idade, é sério!
- Depois que a gente decidir o desfecho, eu vejo se conto...
- A história começa bem... Um belo dia, um belo bar, aniversário de um amigo fotógrafo em comum – já que os dois são jornalistas. Vão parar no apartamento dele depois de umas tequilas. Acordam, conversam meio sem graça, riem, descobrem que têm muito em comum. Depois voltam pra cama e se divertem mais, sem tequila, e é ainda melhor que na noite anterior. Ele, lógico, vira pro lado e dorme mais um pouco – não tem mais a idade nem a energia dela. Ao vê-lo dormir – “tão bonitinho”, como ela diz-, liga o notebook dele, rezando pra que não tenha senha e pra que ele não acorde antes, e escreve um conto ‘de presente’ pra ele. Salva na área de trabalho como “Confissão para o homem sincero” e vai embora. Não deixa rastro nenhum além do cheiro no travesseiro do seu lado. Pra mim, ou ela é medrosa, ou está só usando o cara. Não sei, mas esse final em tom de “foi bom, mas a fila anda..." soa muito Cafa, não combina com você.
- Como você sabe?
- Você assinou o texto como assina a sua coluna. Confesso, procurei por você no Google, os comentários das leitoras são os melhores. Seu estilo é gostoso! Mas geralmente elas ficam alvoroçadas, esperando o próximo post... Esse final ficou muito blasé, eu diria que uma traição com as suas leitoras românticas e apaixonadas.
- Se estivesse no blog, sim, mas não escrevi pra elas, escrevi pra você. É como se a personagem estivesse sonhando e acordasse. Ela sabe que precisa voltar pro mundo real e volta. É uma personagem complexa, mas não quer se envolver demais, nada de muito drama. A minha coluna fala principalmente de sexo e do príncipe encantado, não é nada muito literário, por isso que a mulherada gosta. Resolvi arriscar um estilo diferente, sei que você gosta de finais meio tristes.
- Só nos romances. O começo está ótimo, mas o final chegou antes da gente aproveitar o meio... Entendeu?
- Sim. Não. Ai, não sei. São duas e treze da manhã! Você fala da gente ou do conto?
- O conto não é sobre a gente? É tarde, vou te deixar dormir...
- Obrigada, Boa noite!
Desligou. Que homem irritante.
A conversa tirou seu sono, então foi pra varanda esvaziar a cabeça, enquanto acendia um, dois, três cigarros...
3:02 a.m.
Estava cansada das suas histórias de 5000 caracteres e ele não era nenhum cafajeste, além de inteligente e divertido... Os óculos davam aquele charme que ela gostava, também.
- Hummmm... Por quê não?
Correu pro telefone e ligou de volta pra ele.
- Fabio?
- Oi, Elena.
- Não consegui pensar no título ainda, mas quero mudar o final.
- Achei que você tinha gostado.
- Não quis dizer o final do conto.
- Então quis dizer...
- Que eu vou jantar com você.
Sorriu e desligou o telefone.
~
Capítulo 2
(...)