segunda-feira, novembro 30, 2009
Carta ao leitor
(hahahahahaha)
Por motivo de força maior - leia-se: mais facilidade de comunicação com vocês - não vamos mais deixar isso entre nós.
Vem pro wordpress comigo?
http://moniquebuzatto.wordpress.com/
;)
quarta-feira, novembro 25, 2009
Fácil (ou Considerações Sobre o Ciúmes) - conto
1 nova mensagem de Bruno.
Elena: E o seu?
Bruno: Isso quer dizer que..................................
sábado, novembro 21, 2009
Diva (crônica)
Não sou capaz de explicar, aos 65 anos, por que ainda me emociono diante da Vênus de Milo.
Camila só entendeu meu suspiro,
Minha filhinha ficou toda chorosa... Deve ser a gravidez.
Culpa dela. Sempre por causa dela, tudo por causa dela!
O cabelo dela da cor de granada, cada vez mais incandescente.
Lembro quando minha prima mudou pra Paris ao se casar com um diplomata francês.
Fiz um escândalo para ir até o aeroporto com ela, no carro dela, no colo dela, com as minhas lágrimas sendo beijadas pela boca com o batom vermelho inesquecível dela e sentindo aquele perfume – "Ma Chérie" (minha querida) – que ficou gravado na minha mente, de tanto que ela me abraçou naquele dia.
(Devo confessar, timidamente, que todas as meninas com quem namorei até hoje só me conquistaram porque usavam esse mesmo perfume. Uma delas teria sido uma Senhora Osório em potencial, se não usasse “Bvulgari Black” – perfume de Mulher Alpha. Ciumenta demais para aceitar uma musa maior que ela. Continuei procurando o próximo "Ma Chérie". Morreria de vergonha se ela soubesse disso... )
Mas hoje era o meu grande dia... Embarquei pelo mesmo portão que ela – o portão 9 – e pousei no mesmo Charles de Gaulle que ela... O ódio do número ia diminuindo conforme eu caminhava para fora do avião (por onde ela caminhara?), respirava aquele ar parisiense (que ela respirara?) e pegava um taxi (seria o mesmo taxista que atendeu a ela???).
Como minha professora de arte e história, tratou de arquitetar um quebra-cabeças melhor que o do Dan Brown – o qual, aliás, ela só me deixou ler porque era em inglês e depois de eu prometer ler uns 3 clássicos pra "compensar". Assim era ela.
Desculpe se afogo você nessas memórias sentimentais, leitor. Vou contar como isso começou, posso?
Sempre que eu ficava na minha avó, ela ia pra lá. Eu tinha 3 anos e as pessoas comentam coisas que, no meu inconsciente, eu já sei. Ela coloria minha infância de batom vermelho!
Mas a lembrança consciente que eu tenho é ainda melhor.
Eu tinha 80 cm de altura, 1 metro a menos que tenho hoje, então aquela escadaria parecia a entrada de Versailles!
Eis que vejo, do lado direito, tal qual uma escultura romana, ela... minha diva...
De volta ao meu grande dia!
(Recordo-me de outra coisa engraçada. Obriguei minha mãe, aos 13 anos, a me colocar na Aliança Francesa. Imagina se ela esquece o português!? Até que eu terminasse o último avançado, tinha um pânico inexplicável de pensar nessa possibilidade...)
A penúltima pista estava impressa em um pergaminho.
- Onde eu acho uma Afrodite no meio de Paris? Ela não pode querer que eu vá para a Itália!
- O Louvre, lógico!
Corri direto para a Vênus de Milo, sentindo o coração bater na boca.
Eu deveria saber que, como esposa de um diplomata, deveria ter mais coisas a fazer do que receber um priminho do interior...
Era a minha Vênus de Milo! Em carne, ossos, olhos de esmeralda e cabelos de granada, mais linda do que eu me lembrava.
– Tu est ici!
Ela apontou pro meu peito e disse:
– Ah, petit, je suis toujours ici, n’est-ce pas?
(Ah, pequeno, estou sempre aqui, não é?)
Eu mesmo, depois de reler o diário, me peguei respondendo:
Minha filha veio sentar-se ao meu lado depois do jantar, no jardim de sua casa - que ficava no sétimo distrito de Paris, perto do Champ de Mars que elas tanto admiravam.
– Tenho duas coisas pra te dizer, papá. – Eu adorava seu sotaque de francesinha.
Ela sorriu.
Ah... A vida que se renova cada vez que ela sorri...
(Como era possível terem o mesmo sorriso?)
– Já sei porque você tem fugido tanto de Paris, seu velhinho sentimental!
– Alors, nosso segredo, papá!
(O único destino que ela pode ter tido é estar no Olimpo, agora, balançando seus cabelos flamejantes enquanto ri e encanta os deuses com seu jeito impetuoso e suas histórias.)
Camila olha pra trás antes de entrar na sala novamente.
– Papá?
Com a carência típica dos filhos caçulas e a voz embargada típica das mulheres grávidas:
– Quase, mon amour.
Dou-lhe um beijo de pai coruja, na ponta do nariz, e confesso:
– Ela será eternamente a minha diva... A inspiração da minha vida...
– Que lindo, papá...
– Mas você... você é a minha própria vida. Minha vidinha com olhos de esmeralda.
Ela olhou para a Tour durante um tempo, fazendo companhia à minha solidão contemplativa.
"Fecha os olhos e sente isso ao seu redor, petit. Tem uma vida inexplicável nessa nossa Paris, que sempre se renova! Você pode deixar Paris, mas ela nunca mais vai te deixar."
A nossa Paris.
Ah, Helena...
quinta-feira, novembro 19, 2009
Crônica Natalina
- Você merece as férias de Dezembro!
Preciso comprar as passagens para Nova York!
~
Carlos, como eu calculara, preferiu um texto do Paulo Coelho à minha 'crônica natalina'.
Será que o Rodrigo ainda pode me ouvir?
quarta-feira, novembro 18, 2009
O amigo (conto)
- Oi, Cris........... ah, pode ser.
- A gente se encontra lá, então, daqui uma meia hora?
sexta-feira, novembro 13, 2009
Delícia (conto)
Você, leitora, negue se puder, mas duvido que nunca tenha pensado algum dia desses “Ele só é cachorro porque não encontrou a mulher certa”, e tenha se imaginado, pelo menos uns 5 segundos, namorando com o tal do cara.
Brincadeirinha.
segunda-feira, novembro 09, 2009
Sobre escritores e histórias (conto)
- Alô?
- Precisa de um título!
- O quê?
- Você foi embora sem colocar o título.
- Hernandez??? – olhou pro relógio que marcava 1:15 da manhã.
- Desculpa ligar essa hora, mas isso está me atormentando. Que título terá a nossa história?
- Hummm... Pra ser uma história, precisaria de mais tempo... e de drama! O que é gente teve foi no máximo um conto.
- Um conto à la Nelson Rodrigues ou Vinícius de Moraes?
- Nenhum. Vinícius é pra mulherzinha, Nelson é muito... muito...
- Realista?
- Calculista! Ainda assim, ele é um escritor que a gente saboreia aos poucos. Eu leria o mesmo conto uma semana inteira. Fácil!
- E se eu disser que fiquei a semana inteira com o nosso conto na cabeça?
- Hummmmm... gostou tanto assim do nosso processo criativo?
- Porque não consegui dar um título! E é só por isso que estou ligando! Se você deixar, quero publicar... Prometo que mudo os nomes, mas pensa num título e me conta.
Desliga o telefone.
- Que homem louco!
(30 minutos depois...)
Telefone toca!!!!!!!!!!!!
- Você de novo?
- Estava re-lendo o conto...
- E...?
- Não gostei do desfecho.
- Seu desfecho pra minha história provavelmente é melancólico! Não quero que você estrague tudo como fez com todas as suas...
- Você é um pouco impulsiva demais pra entender a beleza desse-
- dramalhão todo?
- ...desse tipo de literatura! A grande arte-
- ... vem da grande dor. Bla bla bla. Achei que você era um escritor barato, não um grande escritor.
- Hummmm...
- Olha... Eu sei que você insiste nessa história de “eterno enquanto dure” e que nada dura pra sempre, mas isso é muito coisa de velho!
- Não sou um Don Juan nem um príncipe encantado de 28 anos, Elena.
- Pra sua informação, senhor homem sincero, 45 anos não é nem um pouco velho. Tudo bem que o seu eu-lírico tem uns 65, de fato, mas quem conversa com você não diz mais que 35!
- Você é divertida. Mas eu ainda não gostei do seu desfecho.
- Fabio, são quase 2 horas da manhã e você quer discutir um desfecho!
- Então janta comigo daqui 18 horas.
- Conheço suas intenções por trás de um jantar.
- E...?
- É o seu jeito cavalheiro de sugerir outro... “processo criativo”?
- Dessa vez, sem tequila. Você aceitaria?
- Agora eu só quero dormir! Não quer me ligar daqui 9 horas?
- Quantos anos você tem? 18?
- Há há!
- Seu eu-lírico é uma Mae West de uns 39, mas você tem a leveza e a audácia dos 20 e poucos anos.
- Você quase me ganhou com essa.
- Eu não sei a sua idade, é sério!
- Depois que a gente decidir o desfecho, eu vejo se conto...
- A história começa bem... Um belo dia, um belo bar, aniversário de um amigo fotógrafo em comum – já que os dois são jornalistas. Vão parar no apartamento dele depois de umas tequilas. Acordam, conversam meio sem graça, riem, descobrem que têm muito em comum. Depois voltam pra cama e se divertem mais, sem tequila, e é ainda melhor que na noite anterior. Ele, lógico, vira pro lado e dorme mais um pouco – não tem mais a idade nem a energia dela. Ao vê-lo dormir – “tão bonitinho”, como ela diz-, liga o notebook dele, rezando pra que não tenha senha e pra que ele não acorde antes, e escreve um conto ‘de presente’ pra ele. Salva na área de trabalho como “Confissão para o homem sincero” e vai embora. Não deixa rastro nenhum além do cheiro no travesseiro do seu lado. Pra mim, ou ela é medrosa, ou está só usando o cara. Não sei, mas esse final em tom de “foi bom, mas a fila anda..." soa muito Cafa, não combina com você.
- Como você sabe?
- Você assinou o texto como assina a sua coluna. Confesso, procurei por você no Google, os comentários das leitoras são os melhores. Seu estilo é gostoso! Mas geralmente elas ficam alvoroçadas, esperando o próximo post... Esse final ficou muito blasé, eu diria que uma traição com as suas leitoras românticas e apaixonadas.
- Se estivesse no blog, sim, mas não escrevi pra elas, escrevi pra você. É como se a personagem estivesse sonhando e acordasse. Ela sabe que precisa voltar pro mundo real e volta. É uma personagem complexa, mas não quer se envolver demais, nada de muito drama. A minha coluna fala principalmente de sexo e do príncipe encantado, não é nada muito literário, por isso que a mulherada gosta. Resolvi arriscar um estilo diferente, sei que você gosta de finais meio tristes.
- Só nos romances. O começo está ótimo, mas o final chegou antes da gente aproveitar o meio... Entendeu?
- Sim. Não. Ai, não sei. São duas e treze da manhã! Você fala da gente ou do conto?
- O conto não é sobre a gente? É tarde, vou te deixar dormir...
- Obrigada, Boa noite!
Desligou. Que homem irritante.
A conversa tirou seu sono, então foi pra varanda esvaziar a cabeça, enquanto acendia um, dois, três cigarros...
3:02 a.m.
Estava cansada das suas histórias de 5000 caracteres e ele não era nenhum cafajeste, além de inteligente e divertido... Os óculos davam aquele charme que ela gostava, também.
- Hummmm... Por quê não?
Correu pro telefone e ligou de volta pra ele.
- Fabio?
- Oi, Elena.
- Não consegui pensar no título ainda, mas quero mudar o final.
- Achei que você tinha gostado.
- Não quis dizer o final do conto.
- Então quis dizer...
- Que eu vou jantar com você.
Sorriu e desligou o telefone.
~
Capítulo 2
(...)
domingo, novembro 01, 2009
A fugitiva (conto)
A senhora estava de avental na beira do fogão; a água do macarrão começando a borbulhar.
- Senta aqui, filha. – disse seu avô, apontando o lugar ao seu lado no sofá. – Fugiu de casa de novo, é?
- Fugi, vô! Meu pai vendo a corrida, minha mãe gritando na cozinha e meu irmão no computador. Eu preciso de atenção, você sabe.
- Chegou na hora certinha, filha. – Abriu os braços pra receber a neta como de costume, um abraço silencioso.
A primeira vez que Isa fugiu de casa foi aos 5 anos. Quis ver a avó, não teve paciência de esperar o “daqui a pouco, princesa” da mãe e saiu correndo. Falhou. O pai a alcançou, morrendo de rir, no portão do prédio.
A segunda foi mais trágica, aos 6. A mãe foi ao açougue com ela e o irmãozinho de colo. Em vez de entrar na porta à direita, reconheceu o caminho – o viaduto que atravessava de mãos dadas com o avô – e não teve dúvida: saiu correndo, por cima da Bandeirantes, gritando “Manhê, vou pra vó! Vou pra vó!”. A pobre mulher ficou apavorada! Gritou pra 3 adolescentes que passavam: “SEGUREM A MENININHA DE ROSA!”
16 anos depois, continuava fugindo de casa. E pra onde continuava indo?
- Eu queria escrever, vô, mas não tem quintal no meu apartamento.
- A casa é sua, você sabe.
Isa foi pro quintal e sentou no chão com o caderno e a caneta no colo.
Nada.
Nenhuma linha.
Quando ficava triste, escrevia. Estava triste, mas não conseguia pensar que estava triste com aquele sol, os pássaros cantando no alto da árvore e o cheiro do queijo parmesão derretendo em cima do macarrão quase pronto. Casa de vó é pra transformar tristeza em sobremesa e acabar com ela assim que o almoço termina.
E começa o ritual...
Depois do spaghetti obrigatório no domingo – casa de avô italiano –, a sobremesa era a melhor parte. Quando criança, seu herói fazia de tudo pra agradá-la e fazê-la sorrir. O mimo preferido era descascar laranja pra ela. Ela ficava encantada, nem piscava, pra ver o avô tirar a casca numa só tira. A brincadeira continuava a mesma, mas agora era ele quem olhava pra ela e perguntava, com “desafio” piscando nas palavras:
- Terminou de comer, filha?
A avó sempre ria da formalidade dos desafios.
- Terminei, vô. – Cumprindo cada etapa do ritual dominical.
- Quer laranja?
- Grazie, aceito. Pode deixar que eu pego.
Pega duas frutas da fruteira e uma faca afiada da gaveta.
Volta pra mesa graciosamente e fica olhando pro avô por um tempo. Sorri e abaixa os olhos pro seu desafio.
Sob o olhar atencioso dos avós, começa a tirar a casca da laranja. O desafio implícito era ela mesma repetir a façanha que o vovô exibia para a princesinha.
Ela nem piscava, tamanha a concentração para conseguir o prêmio.
Falhou.
O avô, gargalhando, apertou a ponta do nariz de Isa e disse:
- Tem que ter calma, filha.
A avó fez coro e acrescentou:
- Come a laranja e tenta a próxima.
Os dois faziam parte do grupo que achava engraçadinha sua cara de brava – ainda apertava os olhos e fazia bico como quando tinha 5 anos.
Mas não resistiu e também caiu na gargalhada, se preparando pra tentar de novo.
Vai até o lixo, joga fora as cascas da derrota, respira fundo e se concentra no próximo round.
Dessa vez consegue repetir o feito do avô com perfeição, ganhando seu prêmio: dois sorrisos de orgulho e palmas!
- Não quero mais escrever, passou a tristeza.
Sentou-se no braço o sofá, como de costume:
- Mexe no meu cabelo, vô?
O primeiro tempo do jogo do Corinthians só teve o ritual de mimo interrompido por 5 minutos, enquanto os dois berravam “GOOOOOOOOOL.”
Depois de um segundo tempo tenso e um 3x2 de virada só aos 44’, em casa de corintiano não sobrava espaço pra tristeza!
- Tá tarde. Vou pra casa. Bença, vó. Bença, vô.
- Deus te abençoe, filha. Cuidado no caminho.
- Tá bom, vó.
- Ué, fugiu de casa e já vai voltar?
Ficou vermelha.
- Ah, vô...
Ganhou um cafuné que bagunçou seu cabelo.
- Até domingo, filha.
- Ou até eu fugir de novo?
O italiano piscou pra ela antes de levá-la até a porta, rumo à prisão que ela chamava de rotina.
quarta-feira, outubro 28, 2009
Royal Straight Love (conto)
- Vamos jogar, então. Você vai entender melhor praticando.
- Mas não entendi direito como faz pra apostar! Eu sei o que é “all-in” e sei que vou perder pra você.
Ele controlou o impulso de sorrir, fez sua melhor poker face e disse:
- A regra número 1 é você não mostrar pro adversário que está com medo. Mesmo que esteja com muito! Entendeu?
Ela entrou no clima e mandou uma poker face – melhor que a dele:
- Dá pra gente ir pras regras de apostas? Não gosto de ficar impaciente!
- Mas o pôquer pede paciência. – Roubou um beijo da namorada antes de sentarem no tapete da sala da casa dele pra começarem a aula de pôquer.
- As apostas são assim: Pra cada rodada de cartas, uma rodada de apostas. Você vê o jogo e pode apostar quanto quiser. A gente não costuma apostar muito na primeira. Agora, por exemplo.... Vejamos o que eu vou apostar... Um bis e um Sonho de Valsa! E você? – falou como se estivesse apostando 100 dólares.
- Hummm... Eu pago. Posso aumentar?
- Já? Bom, pode. Eu prefiro aumentar só na segunda, mas você pode sim.
- Então eu pago a sua aposta e aumento um Twix.
- Eu pago.
Os prêmios entre os dois, no meio da sala, fizeram o pai dele - que observava a cena de longe – rir da solenidade com que apostavam chocolates.
- Segunda rodada. A gente pode trocar as cartas e apostar mais.
- Hummmm... E se eu não quiser pagar a sua aposta?
- Então você perde o jogo e fica sem Sonho de Valsa e sem saber se eu estou blefando ou não.
- Certo. Eu que aposto primeiro?
- Pode ser.
- Aposto um Toblerone.
- Pago. Aumento um Talento e um Suflair Duo.
- Pago... E agora?
- Terceira rodada.
Trocam as últimas cartas.
“Oi, Dama de Copas!”, pensa ela.
“Booooa, Reizão de Espada!”, pensa ele.
Os dois se encaram por 1 minuto, deixando no ar algo que não era bem pôquer.
Ela dá um sorriso sacana, quase angelical, e diz:
- Acabou o chocolate, Pê.
- Hummm... E a gente ainda tem uma rodada.
- Só pra eu ter certeza. “All in” é quando a gente aposta tudo o que tem, não é?
- Sim, senhora. Como a gente tem quantidade igual de chocolate, quem ganhar fica com tudo, quem perder fica com vontade.
- Ah, Pedro... – um tom fingido de decepção, que sempre divertia o namorado – esperava um pouquinho mais da sua mente... digamos... criativa!
- Hummm... Você também é criativa. E é você que aposta primeiro. – os olhos brilhando de curiosidade. Seu pai, praticamente invisível agora, encantado.
- All in, então?
- O que é o seu “all”?
Sorriu, como que procurando algo nos olhos dele.
- Aposto você! – Nesse instante, o pai dele sai da sala, ciente de que não importava quem ganharia o jogo.
- Como assim “eu”? Eu sou seu adversário, mulher, você não pode me apostar!
- Eu posso apostar o que eu quiser! Aposto você. Se eu ganhar, você é meu por 24 horas e eu posso pedir qualquer coisa.
- Não sei se eu poderia apostar você.
- É all in, Pê. Se você ganhar-
- Se eu ganhar, você que é minha por 24 horas e eu posso pedir qualquer coisa?
- Você entendeu! All in então? Mostra o que você tem.
- Tá, all in! Mas pode mostrar você. Ladies first, beautiful.
- Quem tem sorte no jogo, tem azar no amor- Colocou carta por carta sobre o tapete. Dez, Valete, Dama, Rei. De Copas. - No seu caso, está sem sorte no jogo. Mas não fica triste, Pê! Significa que- - Não conta vantagem! Falta uma carta ainda pro seu flush. Se você-
- Ah! – levantou um dedo pedindo silêncio. - Acabaram as apostas!
E colocou a carta que faltava, fechando a sequência. Nove.
- Straight Flush, baby! Um pouquinho de sorte de principiante e você só pra mim! Adoro pôquer, já falei?
- Tentador seu prêmio... Mas sabe... – imitou o gesto dela, colocando o Dez, Valete, Dama, Rei. De Espada. – ...eu não sou principiante.
E colocou a carta que faltava, fechando a sequência. Ás.
- Seu jogo está lindo demais, mas eu tenho-
- Royal Straight Flush! - ficou histérica. - Você trapaceou, é impossível dois flushs desse jeito no mesmo jogo!
- Não é impossível. Será que significa que os dois estão com azar no amor? – Disse, fingindo-se escandalizado, arregalando os olhos.
- Não fala besteira, Pê.- ignorando completamente o resultado do jogo.
Levanta, dá 3 passos na direção dele e senta ao seu lado. Beija-o de um jeito travesso e fala em seu ouvido:
- Parabéns! Você tem 24 horas de prêmio. O que vai ser?
- Hummm... sacanagem, lógico!
- Mostra.
- Deita lá na minha cama, então.
Ela ficou animada. Depois impaciente. Depois confusa! Até que ele ligou o DVD.
- Quero ver Cassino Royale de novo!
Incrédula. Fez cara de tédio. Depois brava.
Ele riu muito.
- Não tem sacanagem maior que te fazer assistir James Bond! Adoro quando você perde pra mim, já falei?
- Encaro até um strip-pôquer pra não ter que ver esse filme idiota, Pê!
- E perder 24 horas da sua carinha de brava? No way! Tão linda... Por que você não aproveita o filme pra aprender a blefar?
Começam os acordes inconfundíveis do tema do 007.
- Você me paga, Pedro!
domingo, outubro 18, 2009
Conto tirado de uma conversa no MSN
João gostoso mudou pra Curitiba. Foi estudar, curtir a vida, ser feliz.
João era 'menino de família'. Divertido. Hiperativo.
Típico carinha do colégio em seriado americano.
Bastava 2 minutos de conversa pra cair na risada com o rapaz.
Burguesinho... only child... pegador...
Tinha um aquário de frente pra sua cama.
(O nome das meninas que conhecem o peixe do João? Não conto.
O nome das meninas que queriam ter conhecido? Não conto.)
Todo mundo ainda ri com o clássico "E aí, linda, já viu meu aquário?"
Nostalgia (...............tá, passou!)
* João acabou de chamar a sua atenção! *
Soube essa manhã que ele deixou o aquário em São Paulo quando mudou.
Soube da notícia enquanto ouvia os relatos calientes da sua vida paranaense.
Só na sacanagem. Como sempre.
Mas João gostoso está diferente.
Emprego, cursinho, "altas pegadas".
Amigos novos, festas novas, vida nova!
Novos clássicos, pra alegria da Fiel piritubana! :D
* João acabou de chamar a sua atenção! *
Dizia ele de sua epopéia na Oktoberfest. Quis levar seu "fera" pra brincar.
A 'vítima' que ele pegou abusou dos dedinhos do menino.
Gritou, apertou, suou... e só.
E porque deixou só a mão do menino, deixou o menino na mão.
"Aí os caras tão me zuando, meeeeu!
Ficam falando que a minha mão faz mais sexo que eu. Pô! Aí não :( "
LOL.
(dá pra ouvir o tom de voz e a indignação nas vogais repetidas)
* João acabou de chamar a sua atenção! *
Miss you, Joãozinho.
"Quando você volta pra São Paulo, Xuão?"
"No feriado :D Ficar na casa do meu primo."
* João acabou de chamar a sua atenção! *
* João acabou de chamar a sua atenção! *
* João acabou de chamar a sua atenção! *
De repente, tão rápido quanto a conversa,
"Amor, vou sair!"
Sempre impaciente, inconstante, incansável, esse João.
Tão imprevisível quanto o trânsito de São Paulo.
"Tchau, João... Até o feriado."
* João está offline. *
~
sexta-feira, outubro 16, 2009
"...struts and frets his hour upon the stage"
Um sussurro ecoa na plateia, o público que espera pelo começo.
Quem vê a cortina de fora, espera com ansiedade. Quem vê a cortina de dentro, sente uma mistura de medo, angústia, orgulho, pressa, preguiça, felicidade... Infinitas razões levaram você pra coxia, a um passo de começar sua atuação.
Abrem-se as cortinas.
Luzes, fumaça, música.
Tensão.
O silêncio é quebrado pela arte, mesmo que silenciosa. Há quem sobe ao palco e atua para o público. Há os que simplesmente atuam, deixando o público à mercê de sua vontade.
E quando é você lá em cima, o momento é único e incomparável.
A sensação é de saber que cada gesto, palavra, até seu tom de voz é interpretado por uma ou mil pessoas.
O que vai pro palco comigo é cada poema que eu li, filme que eu vi over and over, músicas de rir e chorar, abraços do carissimo nonno, cada “de coração partido”, cada “eu te amo”...
O que vai pro palco contigo é cada segundo que você desperdiçou nas coisas que eram importantes naquele momento; naquele contexto; praquele propósito.
(Perhaps você não tenha reparado, Monique, mas as pessoas ainda estão chorando com a morte da sua Julieta. Não teve UMA mulher na plateia sem lágrimas nos olhos. (Não que você se importe.))
Não entende por quê o diretor manda voltar ao palco pra receber aplausos. Você só faz o que faz porque te faz bem... Natural como respirar. Stupidity being praised by this, according to you.
(Still, naturalidade é uma arte que se aprende com treino. For instance, enquanto você vê poesia no seu Renoir, no seu Fabian Perez, há pessoas que só veem dançarinas.
Mas não se engane. Se você ler de novo sem os parênteses, notará que não é somente ao teatro que me refiro. Pode voltar pra ler, te dou mais 5 minutos...
...
Sim, menina. Falava, também, da vida. )
Eis que a cortina se fecha. For good.
[Imagem de Fabian Perez]
quarta-feira, outubro 14, 2009
Mais uma de amor (conto)
- Não.
A cara de confuso deve ter ficado clara. Ela sorriu, do lado oposto da mesa ao que ele estava.
- Uma pergunta por bola. Que tal?
“Cada vez mais interessante trocar o bar pelo D.A.”, pensou.
- Gostei. - arrumando o triângulo e a branca na marca.
- Primeiro as damas, adversário?
- Ah... Mas na mesa você não é dama.
- Hummm... Certo. E como visitor, posso sair?
- Como visitor? – De novo, uma só sobrancelha levantada. Ele fazia de propósito? – Pode.
Saiu matando a 9. Na sorte.
– Opa, eu sou ímpar. - uma cara angelical, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. - Quero saber... o seu signo.
- Quê?
- Eu matei uma bola, posso perguntar qualquer coisa.
- Leão.
- Hummmm... Leão é bom.
- É? - “Por que será que toda mulher acha que conhece a gente pelo signo?”
- Ah, você não matou nada, não posso responder. – disse fingindo solenidade. “Ele gosta de ser elogiado, é divertido, brincalhão puxa papo até com o tio do cachorro-quente. Interessante.”
Ela jogou novamente, mas só deixou uma bola na boca dessa vez.
A vez dele. Uma, duas, três vezes seguidas sem falar nada, uma bola atrás da outra.
Olha dentro dos olhos dela, não diz nada uns 3 segundos e, quando ela está quase sem graça, dá um sorrizinho torto.
- Me diz uma banda, um filme e uma cor.
- Hummmm... – “Ele é divertido”. – Não tenho preferidos. Agora eu te diria o Guns N’ Roses das antigas na banda, Cassino Royale no filme e a cor...
- Ah, Cassino Royale não! Não gosto do torneio de poker. É muito falso, não é daquele jeito!
- Nossa, você joga poker!?
Ele fez cara de surpreso, colocou uma mão na boca.
- Não posso responder! Você tem que matar a bola pra fazer uma pergunta.
- Eu gosto do filme. Não jogo poker, então não posso falar mal da sequência. O Bond sofre pela Vesper. Em todos os filmes ele é um cachorro, nesse ele é mais humano, pra mim. Ela meio que vinga todas as bondgirls que morrem de amores por ele. Fora que o Daniel Craig dá uma cara nova ao Bond. Gostei.
- Eu gostei, também, apesar do poker. Mas o meu preferido, do Bond, é o Goldeneye. E a cor?
- Quê?
- Eu perguntei a banda, que aliás é muito boa, o filme e uma cor.
- Ah! Depende. Vermelho, mas pra me vestir, verde. É você ainda que joga.
- Hummm... Será que você é palmeirense?
- Você está a uma bola de descobrir. Pode tentar.
Por duas rodadas ninguém matou nada, até que ela foi passar por trás dele, pra alcançar uma bola em diagonal no fundo. Tropeçou num taco e ia cair no chão, mas ele a segurou pelo braço. Quando se encostaram, não pararam de se encarar e não se mexiam, tamanha a eletricidade e atração que havia ali.
Ela abriu a boca pra dizer algo, mas esqueceu o que era. Por que estava nervosa? Era só um cara, pelo amor de Deus! (Um cara divertido, simpático, que não a xavecou de primeira, e que era bom na sinuca. É, talvez ela pudesse ficar nervosa.)
- A chuva tá parando? - disse a primeira coisa que veio à cabeça.
- Chuva? Que chuva? - não dava pra pensar em nada além do cheiro de Victoria's Secret que ela usava.
São Paulo poderia ter ficado debaixo d’água e na escuridão total, nada teria evitado aquele beijo.
Só interromperam porque ouviram barulho das bolas de sinuca. De repente, 10 pessoas completamente enxarcadas entraram no D.A., pra se esconder da chuva, e duas já tinham começado uma partida, visto que os dois tinham mais o que fazer.
Depois de levar uns 2 minutos pra se livrar de todos os 8 amigos restantes, todos falando com ele ao mesmo tempo, foi procurar... qual o nome dela mesmo?
Ela não estava em lugar nenhum. “Deve ter ido embora. (respira fundo) Estúpido.”
Estava pegando a mochila pra ir, conformado que ela era uma miragem e que ainda teria 2 horas de aula pela frente. Afinal, pra quê Fundamentos de Finanças na faculdade de jornalismo?
E chovendo.
Perfeito. ¬¬
Mas ela surge na frente dele, fazendo ele se sentir como criança que vai pela primeira vez ao Parque da Mônica. Encaram-se por alguns segundos, um pensando em como é beijar o outro.
- Sabe, eu não costumo sair beijando pessoas de quem eu nem sei o nome. Mas pela sua cara, você também não, né!?
Em vez de ficar nervosa, como ela achava que ficaria, apenas sorriu.
- Elena. 8º da Biologia.
- Uou, 8º! Parece mais nova. - Sorriu de volta. - Bruno, 4º do Jornalismo.
- Uou! Parece mais velho.
Nunca respondera a tantas coisas apenas com sorrisos. Era fácil se acostumar.
- E o que está fazendo no D.A. da bio? - disse, colocando a mão na cintura. - O DACAM tem playstation 3, jornalista.
- Pra eu responder, - e chegou perto do ouvido dela - você tem que matar mais uma bola.
A piadinha a fez rir até deixar as mãos cairem, pra devolver:
- É só você voltar amanhã à tarde. - e deu um beijo no seu rosto, com gosto de quero mais.
- Então é bom você não tropeçar, - puxando o braço dela e beijando-a na testa - aí a gente pode terminar o jogo.
Piscou pra ela e saiu, indo pra melhor aula da faculdade.
terça-feira, outubro 06, 2009
Mondays.
Seis horas da tarde.
Na Consolação.
As pessoas reclamam que o ônibus está cheio, está caro, o motorista dirige muito rápido...
Como sempre.
Os "manos" arrancam nossa roupa com os olhos e mergulham no nosso decote.
Como sempre.
As meninas fazem malabarismo pra carregar suas big-bolsas e 2 cadernos. Enquanto leem Crepúsculo. Com seus óculos de meia-armação, metade do cabelo presa e franjinha.
Os dois meninos estranhos com camiseta do Iron Maden ouvem seus mp3, cantam alto e balançam a cabeça enquanto tocam air-guitar. Sem querer eu ouço a (eterna?) discussão, se o Angra era melhor na época do Edu ou do André.
(Penso ser uma questão do tipo "Capitu traiu ou não traiu?" Nunca terá uma resposta)
Sorrio pra senhorinha simpática que segurou minha bolsa no trajeto de 5 pontos, agradeço, e ela, surpresa (?), sorri de volta.
Dou minha aula divertida, faço os alunos esquecerem da vida, enquanto me contam do seu fim de semana... Divirto-me quando eles se empolgam e querem falar português e eu preciso ser malvada: balançar o dedo, "tsc tsc... C'mon, in English." -"aaaahhhh, teacher, mas-" "Sorryyy???"
Eles respiram fundo e me contam as histórias, in English!
Volto pra minha casa ouvindo Milonga del Angel no meu mp3, conformada de segunda-feira ser um dia chato!
Mas chego em casa e recebo um e-mail DAQUELA empresa onde eu quero fazer estágio, dizendo "Parabéns! Seu currículo foi aprovado na pré-seleção. Responda aos testes online e aguarde instruções."
Dou boa noite pro mundo de cabelo molhado (porque não deu tempo de tomar banho mais cedo e o cabelo está precisando daquela lavada com Niely Chocolate), pensando no menino tímido, simpático e *que joga sinuca tão bonitinho* que eu conheci hoje no Diretório Acadêmico.
Segundas-feiras são sempre, incontestavelmente, inegavelmente surpreendentes.
Não joguem lixo no chão ~
;)
sábado, outubro 03, 2009
Sinceridade
Confissões de um Homem Sincero.
Isso depois de meses roubando as últimas páginas da VIP que meu primo assinava.
Vamos brincar de ser escritora, então, como Fabio, serei Sincera. E barata.
-
Se fosse uma questão de livre-arbítrio, seria você. Ou, pelo menos, alguém exatamente como você, com todas as coisas que fazem de você, pra mim, O cara.
Porque não é de um par de braços fortes que uma mulher precisa pra se sentir segura. Um abraço - como o seu - dá conta.
E nem é de um belo par de olhos azuis que uma mulher precisa pra se sentir uma princesa. Você não precisa nem notar que eu mudei o visual. (Fato! Homens nunca reparam nessas coisas!) O essencial é como quando você me olha e exige: "Por que essa cara?"
Muito menos é de um cara sistemático, prático e certinho que uma mulher precisa pra ficar mais calma. Claro que isso é importante, mas não essencial.
O que realmente importa é o seu senso de humor completamente idiota (segundo o Arnaldo Jabour), que me faz rir até doer a garganta e mata os problemas como eu mato as ímpares cortando no meio.
Eu sei que eu sou a "the one", mas não sou a "the only one”.
Infelizmente, (e é infelizmente de verdade,) pra eu dizer sim pros seus xavecos divertidos (e sérios), eu preciso das coisas que você não pode dar:
Hormônios exaltadas, coração acelerado, friozinho na barriga, perda de sono, perda de fome, ansiedade de saber que eu vou te ver...
Vou citar um safado: "- Monique, você pensa demais."
E é justamente por ficar pensando que acabo por aqui.
Sozinha, mas dando Graças a Deus! que a paixão não depende do livre-arbítrio.
Sinto, logo insisto.
Penso, logo...